Enquanto Aimé Jacquet comemora o seu 82º aniversário, a carreira de treinador do homem que colocaria a França no topo do mundo em 1998 começou com lágrimas e um sabor de traição.
Aimé Jacquet entrou para a história do futebol francês em 12 de julho de 1998 ao levar os Blues ao seu primeiro título mundial após uma partida dos sonhos contra o Brasil. Sua entrada na profissão de treinador foi muito mais discreta. Apenas um ano após o fim da carreira, o ex-Stéphanois assumiu o comando do Olympique Lyonnais em fevereiro de 1976, sucedendo a Aimé Mignot, que saiu depois de quase oito longos anos. Uma sucessão difícil de assumir para o nativo de Sail-Sous-Couzan, no Loire.
Raymond Domenech, que então jogava no OL, relembrou seu início como treinador aos 80 anose aniversário. “Você se lembra?” Sim, claro, quem pode esquecer o dia em que nos jogamos de cabeça nessa profissão maluca. Foi sob as abóbadas do estande da Gerland, nesses vestiários escuros e úmidos, com esse salitre, nesses vestiários de teto baixo iluminados por longas luzes de néon claras. O antigo treinador, o outro Aimé, este Mignot, tinha acabado de ser demitido e você foi convidado a substituí-lo para liderar aqueles que eram apenas seus parceiros no dia anterior. Não me lembro mais das palavras exatas que você disse, mas ainda compartilho sua emoção e vejo as lágrimas em seu rosto”escreveu ele nas colunas de O time num depoimento cheio de emoção.
“Alguns não viam nada além de fraqueza. Entendi que o peso das responsabilidades não foi o gatilho. Foi mais um vago sentimento de traição por quem o trouxe e a quem você substituiu, ele adicionou. Um sentimento que te honra e que também senti, sem saber ainda que era o elo que une treinadores respeitosos. O resto da sua carreira provará que a humanidade e o respeito pelos outros não eram uma fachada. Daquela noite escura até o título de campeão mundial, você permaneceu o mesmo.”