Vladimir Putin acusou na quinta-feira o Comité Olímpico Internacional (COI) de “discriminação étnica”, porque os atletas russos só deveriam participar em números limitados nos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris e sob uma bandeira neutra em retaliação ao ataque russo contra a Ucrânia.
“Graças a alguns líderes do actual Comité Olímpico Internacional, aprendemos que… os próprios Jogos podem ser usados como um instrumento de pressão política contra pessoas que nada têm a ver com política e, de facto, (como um) bruto instrumento de discriminação racista e étnica”, criticou ele durante um discurso sobre esporte em Perm (Urais).
Para o COI, “um convite para os Jogos não é um direito incondicional dos melhores atletas, mas uma espécie de privilégio”, criticou ainda o presidente russo.
Ele julgou que o desporto mundial necessitava de “novas formas organizacionais e jurídicas” na forma de ligas, associações e clubes, que poderiam “minar o sistema actual” dominado por grandes estruturas internacionais.
O debate sobre a participação ou não de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris, no próximo ano, agita há vários meses o mundo do desporto.
Os atletas russos foram banidos de todas as competições internacionais após o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Em Março de 2023, o COI, no entanto, recomendou a sua reintegração em competições internacionais fora dos Jogos Olímpicos, na condição de competirem sob uma bandeira neutra, numa base individual, e de não terem “apoiado activamente a guerra na Ucrânia”.
Relativamente aos Jogos de 2024, o COI ainda não decidiu, adiando a sua decisão “no momento oportuno”. Kiev, por sua vez, ameaçou boicotar as Olimpíadas de Paris se russos e bielorrussos fossem autorizados a participar.
Outra disputa: em 12 de outubro, o COI suspendeu o comité olímpico russo por ter colocado sob a sua autoridade várias organizações desportivas em regiões ucranianas ocupadas pelo exército russo.
O Comité Paraolímpico Internacional (IPC) já votou a favor da participação de russos e bielorrussos sob uma bandeira neutra e sob estritas condições de neutralidade nos Jogos Paraolímpicos de Paris no próximo verão.
A Rússia já foi alvo de exclusão do desporto mundial alguns anos antes da ofensiva na Ucrânia por ter organizado um sistema estatal de doping dos seus atletas.
A Bielorrússia também está sujeita a sanções porque este aliado incondicional da Rússia cedeu o seu território ao exército russo para atacar a Ucrânia em Fevereiro de 2022.