Chateado como nunca antes, o britânico Tyson Fury venceu por pouco sua tão esperada luta de boxe contra o astro do MMA Francis Ngannou, que fez jus à sua reputação de perfurador formidável, no sábado, em Riad.
Grande favorito na qualidade de campeão dos pesos pesados do WBC, Fury foi declarado vencedor por decisão dividida contra Ngannou, que estava competindo em sua primeira luta de boxe aos 37 anos. Mas o camaronês, que mandou o britânico para o tatame no terceiro round, quase conseguiu um dos maiores feitos da história do boxe!
O evento, acima de tudo lucrativo, apresentava a priori um interesse esportivo questionável, pois a luta parecia desequilibrada. No final das contas, foi muito mais próximo do que o esperado, Ngannou se mostrando poderoso e diligente contra o fantasma de Tyson Fury.
Apesar da derrota, o camaronês, ex-campeão do UFC, a mais prestigiada liga de MMA, sai mais forte. Acima de tudo, conquistou toda a estima do mundo do boxe.
Por outro lado, o desempenho de Fury só pode ser descrito como embaraçoso, até preocupante, já que o britânico deve retornar aos ringues em dezembro para uma luta de unificação do boxe contra o colosso ucraniano Oleksandr Usyk.
“Definitivamente não foi planejado no roteiro. Francisco é um grande lutador, um grande perfurador”, admitiu o “Rei Cigano”, que passou a semana a chamar o seu adversário de “boa salsicha grande”.
“Eu o respeito muito. Ele não se adiantou, ficou atrás e esperou por mim. Ele provavelmente me deu minha luta mais difícil em dez anos”, continuou ele.
Cristiano Ronaldo e Eminem
O embate gerou enorme interesse devido ao calibre dos protagonistas, considerados os dois atuais machos alfa dos esportes de combate.
Ele teve que determinar quem era o “homem mais malvado do planeta”, mas no final da noite ainda parece difícil atribuir este título a um dos dois homens.
De qualquer forma, a luta atraiu uma constelação de estrelas para a capital saudita, o novo reduto do boxe, que viu grandes coisas ao construir um recinto especial para a ocasião.
O ringue saiu do solo pouco antes da 1h, horário local, e tivemos que esperar até 1h30 para presenciar a chegada dos lutadores.
Com luvas de boxe nos punhos pela primeira vez na carreira, Ngannou subiu ao palco ao lado da lenda Mike Tyson que o aconselhou para a ocasião, enquanto Tyson Fury, caprichoso como sempre, apareceu ao som de “Pretty Woman”.
Entre os espectadores, grandes nomes do boxe, de Sugar Ray Leonard a Larry Holmes ou Evander Holyfield, ou do futebol, Cristiano Ronaldo, Figo, o brasileiro Ronaldo… Mas também estrelas da música como Eminem ou Kanye West.
Na primeira fila, o terror dos octógonos Conor McGregor, que havia travado uma luta semelhante há seis anos contra a lenda do boxe Floyd Mayweather. Na ocasião, a lógica foi respeitada com a vitória do americano por paralisação do árbitro.
“Foi uma boa luta”
Desta vez a luta durou dez rounds e isso por si só foi uma vitória para Ngannou. A decisão de dar o vencedor a Fury certamente suscitará debates nos próximos dias.
“Não sei o quão perto foi, mas ganhei e foi assim. (Mas) temos que ser justos com Francisco, (…) foi uma boa luta. »
Durante todo o confronto, Ngannou foi sério e diligente, enquanto Fury nunca pareceu iniciar as hostilidades. O camaronês causou um pequeno terremoto no terceiro round ao mandar Fury para o tatame com um poderoso gancho de esquerda.
O britânico levantou-se, mas teve dificuldade em encontrar a chave das trocas. Como era de se esperar, Ngannou experimentou uma queda de força no final da luta e foi menos conquistador, e talvez seja isso que desequilibrou a balança dos juízes.
O que vem a seguir para os dois homens? “Vou para casa, estou no campo de treinamento há 12 semanas. Vou descansar um pouco e ver o que o futuro reserva”, disse Fury.
Ngannou deve retomar sua carreira no MMA, a menos que sua apresentação noturna lhe dê vontade de mais.