Falecido no dia 6 de maio, aos 89 anos, Bernard Pivot apresentou durante muito tempo o programa “Bouillon de culture” no qual certa vez apresentou um certo Aimé Jacquet.
Homem das letras e da televisão, Bernard Pivot deixou a sua marca em várias gerações de telespectadores. Apaixonado pela literatura, o natural de Lyon faleceu no dia 5 de maio, quando na véspera comemorava 89 anos. Durante sua carreira, apresentou notavelmente programas como “Apóstrofos” e “Caldo de cultura”, dedicado aos livros e seus autores. Ex-técnico da seleção francesa, Aimé Jacquet teve a honra de ser recebido durante programa a ele dedicado.
A transmissão deste “caldo de cultura” com forte sotaque futebolístico aconteceu em maio de 1999, quase dez meses após a coroação dos Blues de Jacquet na final da Copa do Mundo de 1998, após uma vitória final sobre o Brasil em Ronaldo (3-0). Maltratado durante meses por parte da imprensa, nomeadamente pelo jornal O time, Aimé Jacquet acumulou ressentimentos ao longo do tempo e poucos minutos após a vitória declarará que “não nunca vou perdoar” aos seus detratores. Mas como ainda tinha coisas a dizer, fê-lo em forma de livro.
Force sua modéstia
“Minha vida por uma estrela”, publicado neste famoso mês de maio de 1999, foi, portanto, a oportunidade para ele e Bernard Pivot discutirem o assunto. O ex-técnico, porém, explicou que teve muito medo de trair os segredos do vestiário ao escrever esta obra. “No início, eu não queria escrever um livro. Não está na minha cabeça ceder. E então foram todos ao meu redor que insistiram. Disse a mim mesmo que tinha que contar o que aconteceu, a minha verdade. Aí não vou esconder de vocês que tive medo de que fosse mal interpretado, que as pessoas pegassem os livros e falassem qualquer coisa, então falei para mim mesmo que ia fazer alguma coisa, mas me custou muito.”
Muito modesto por natureza, Aimé Jacquet falou então dessa famosa vida de vestiário. “Havia também na minha ideia o que chamo de ‘não trair a linguagem interna da equipe’. Tínhamos uma linguagem interior muito forte. Sei que te faz rir muito, mas é uma linguagem profunda, confidencial, cheia de cumplicidade, cheia de carinho, cheia de cobranças. E nenhum jogador o traiu. Então fiquei um pouco confuso. (…) Essa linguagem são as relações que a gente tem dentro da equipe. Não é uma sociedade secreta, mas uma que lhe permite viver bem a sua vida, dizer coisas uns aos outros de uma forma direta, às vezes de uma forma muito dura, às vezes de uma forma muito amigável. Portanto, não temos o direito de trair falando de confidências.” Apreciado pelos seus homens e por grande parte do público desde este acontecimento, Aimé Jacquet nunca revelou segredos.