Seis meses depois de o QMJHL ter anunciado que iria proibir os combates, que impacto esta decisão teve no mundo do hóquei? O jornal pesquisou, nas últimas semanas, ligas de todo o mundo, jogadores que defendem ardentemente as lutas e especialistas que se preocupam com o cérebro dos atletas. Apresentaremos o resultado para vocês nos próximos dias.
Ao abolir as lutas, o QMJHL produzirá ainda menos jogadores profissionais, estimam Mathieu Olivier e Yanick Turcotte, dois de seus ex-jogadores que jogaram as luvas várias vezes durante sua passagem pela liga.
Para Olivier, que agora joga no Columbus, a abolição das lutas no QMJHL servirá apenas aos preconceitos desfavoráveis a este circuito e privará os jogadores que esperam ascender ao profissional de uma preparação crucial para este objectivo.
“Esse aspecto ainda tem seu lugar no jogo, não sei para onde vamos, mas acho que não estamos colocando nossos jovens em uma situação que os prepare para o profissional. Não pelas lutas, mas pela forma de jogar, pelas interações no gelo e pela maneira como os caras ocupam seus lugares.
“O hóquei na NHL ainda é um jogo do homem. Ainda existem caras de 6’6 “e 230 libras que são assustadores só de olhar para eles. Ser capaz de se defender permite que caras menos fortes fisicamente ainda se sintam confortáveis no gelo. O QMJHL desenvolve poucos jogadores do meu estilo e serão ainda menos.”
Uma ferramenta no porta-malas
Uma opinião que também vai contra o que disse o recrutador dos Predadores de Nashville, Jean-Philippe Glaude, em entrevista ao Diário março passado.
“Não há ligação entre as aspirações de um jogador e a abolição dos combates. Quando vemos jogar jogadores entre 16 e 20 anos, o que queremos ver são jovens talentosos, que competem, que continuam a melhorar, que são apaixonados pelo seu desporto”, havia listado antes para citar, justamente, o exemplo de Mathieu Oliveira.
“Não o convidamos para o nosso campo de desenvolvimento porque aos 18 anos ele já havia lutado seis vezes”, destacou.
“Convidamo-lo porque tinha um sentido incrível para o hóquei, porque tinha uma dimensão física, mas sabia jogar hóquei e pensámos que podia melhorar.”
Diante desses comentários, Olivier não disse discordar totalmente de Glaude. Porém, ele insiste que o aspecto físico de seu jogo, que inclui lutas, tem sido uma ferramenta inestimável em seu peito.
Luta furiosa entre Olivier e Xhekaj –
“Foi um diferencial na minha carreira. Quando tive alguns jogos seguidos em que as coisas não estavam indo bem, quando não estava marcando pontos, quando aconteceu um grande cheque ou uma briga, isso me deu confiança novamente.”
Uma liga “suave”?
Turcotte, que joga na ECHL, concorda com os comentários de Olivier, ao mencionar que Quebec será ainda mais desprezado pelos demais circuitos com esta decisão.
“Muitas vezes ouço falar disso de caras que vêm de outros lugares que não Quebec. O QMJHL é um tanto reconhecido como a liga suave da Liga Canadense de Hóquei. Os recrutadores procurarão mais jogadores do meu estilo em Ontário e no Ocidente. Acho uma pena.”