“Quando o canadense perdeu na prorrogação, ouvi pessoas dizendo que chegariam aos playoffs se jogassem assim o ano todo. Mas vamos ver, é impossível. Com todos os jovens, é preciso ter paciência! O troféu é daqui a alguns anos.”
Essa frase não vem da boca de um palestrante de um programa noturno, de um colunista ou de Martin St-Louis.
Não, quem pronuncia é a “Tia Alice”, que, aos 96 anos, talvez seja a maior fã da canadense.
Aquele que assiste mais hóquei
“Devo ser a pessoa em Quebec que mais assiste hóquei. Eu só tenho isso para fazer! diz a simpática senhora, rindo.
Fomos encontrá-la na terça-feira passada, em sua linda casa em Thetford Mines, onde ela mora sozinha, com pernas fortes, embora seu centenário esteja se aproximando.
A ideia foi das suas sobrinhas, Raymonde e Lucette, que ficaram maravilhadas ao saber como a tia Alice decorava as suas noites de inverno, ela que quase nunca perde um jogo dos Canadiens.
“Exceto quando tenho visitas, não quero ser estúpido!” no entanto, especifica Alice Labonté.
Quando chegamos, uma hora antes do jogo contra o Tampa Bay Lightning, Mmeu Labonté está em profunda discussão com sua filha Thérèse.
Gallagher tranquiliza, Slafkovsky em Laval
Na agenda estão as atuações de Brendan Gallagher. Como muitos outros “analistas”, “Tia Alice” se tranquiliza com a atuação do atacante tenaz.
Mas uma preocupação permanece: “Se ele se machucar novamente…” ela teme.
Ela também não está muito impressionada com o desempenho de Juraj Slafkovsky, mesmo que a primeira escolha tenha finalmente marcado alguns dias antes.
“Eu o vi falando do seu objetivo, como se fosse normal. Mas já faz muito tempo que ele não marcou.”
“Acho que ele deveria ir para Laval.”
Crédito da foto: Foto Jessica Lapinski
Ela sente falta de seu Artturi
Sentamo-nos à mesa, onde Alice Labonté coloca um prato decorado com frutas, legumes e paté. Num canto da cozinha está um fogão, que ali foi instalado no mesmo ano do seu proprietário, em 1951.
Um gigante de ferro fundido, exatamente o oposto da telinha instalada no balcão, onde a “Tia Alice” pode ouvir suas transmissões pré-jogo enquanto prepara o jantar, antes de ir para a sala ouvir o jogo no apartamento tela que seus filhos lhe deram em seu aniversário de 80 anos… em 2007.
A casa dela é perfeita, o suficiente para fazer o Sr. Limpo corar de inveja.
Ela nunca quis deixá-la, mesmo quando seu marido morreu, há 17 anos. Ela cuida disso, com exceção de mais algumas tarefas físicas que delega a um dos filhos.
Para passar o tempo, Alice prepara, nomeadamente deliciosos biscoitos de “manteiga pinotte” que também tivemos o privilégio de provar. Ela cuida de suas flores. Ele colore.
E várias noites por semana há hóquei. Não apenas o do canadense: Mmeu Labonté também pode assistir a um jogo dos Kings, para receber notícias de Philip Danault.
No dia da nossa visita, ela se perguntou se o jogo do Avalanche seria transmitido depois do jogo do CH. Alice sentia falta do “seu” Artturi Lehkonen.
Rogatien Vachon e sua premonição
“Tia Alice” nunca pôs os pés no Fórum ou no Bell Centre.
Mas entre o canadense e ela, a história de amor remonta a várias décadas. Mesmo que tenha sido suspenso por alguns anos, com a chegada dos Nordiques, geograficamente mais próximos de Thetford Mines do que de Montreal.
Cunhado de Mmeu Labonté os convidava aos sábados para assistir CH em sua televisão, numa época em que esses aparelhos ainda eram uma raridade. A família toda foi para lá de ônibus… até o dia em que Alice e seu marido se tornaram proprietários de uma TV.
Eles também foram os primeiros a possuir uma televisão em cores em Thetford Mines, lembra Alice.
Um objeto que lhes permitiu receber em sua casa jogadores como Réjean Houle, Gilbert Perreault, Marc Tardif e Rogatien Vachon nas noites de sábado.
Durante seus primeiros anos em Thetford Mines, eles vieram assistir o canadense com um dos filhos de M.meu Labonté, também jogador de hóquei, antes de sair para a cidade.
“Uma vez estávamos observando o canadense e eu falei para o Rogatien: “já imaginou se fosse você, goleiro, um dia?” Ele não parecia acreditar”, diz ela.
Mas o que aconteceu a seguir provaria que “Tia Alice” estava certa!
PK e KK
Porém, quem mais cimentou a relação entre Alice Labonté e o canadense foi PK Subban.
Seu PK Aquele por quem ela se apaixonou pelo mesmo motivo que a maioria dos torcedores do zagueiro: seu carisma e seu jogo tão extravagante quanto seu estilo, ela nos conta enquanto a partida da última terça-feira contra o Relâmpago se prepara para começar.
Ela também se apaixonou por outros jogadores nos últimos anos, incluindo Jesperi Kotkaniemi (“Tia Alice” parece ter uma queda pelos que não são amados na organização…)
“Achei que ele foi muito corajoso, esse garotinho, em deixar a Finlândia para vir se estabelecer aqui, com a mãe!” Ela explica.
Desde a saída de “KK”, “Tia Alice” nos explica que se tornou uma grande fã de Cole Caufield e Nick Suzuki. Até “eles são muito fáceis de amar”, ela enfatiza.
“Cole, com seu grande sorriso… o canadense tem sorte de ter jovens como eles”, disse ela também.
Harvey-Pinard ou Xhekaj?
Também poderia ser Rafael Harvey-Pinard, mas Mmeu Labonté ainda hesita.
O confronto está prestes a acontecer quando Jon Cooper, o técnico do Lightning, aparece na tela. Alice exclama: “Já o vemos há anos, mas ele não envelhece! Ele ainda tem uma pele lisa, lisa e macia.”
Ela também diz que está surpresa que Arber Xhekaj – “aquele com um nome impossível de dizer” – seja um lutador sólido. Ela havia sido conquistada alguns dias antes, quando o viu na televisão, vestido com um terno preto e vermelho.
“Talvez ele seja meu próximo favorito, afinal”, diz “Tia Alice”.
“Tia Alice”, a treinadora principal
Quando ela olha para a canadense, “Tia Alice” se acomoda em sua cadeira de balanço. Ela apaga as luzes da sala, liga o som da televisão para 11.
Nos intervalos e intervalos, para esticar as pernas e ficar acordada, ela às vezes se levanta para passear pela sala.
Sobre uma mesinha há um caderno e um lápis. “Kent Hughes”, “Martin St-Louis”, “Vincent Lecavalier”: ela anota os nomes da equipe e dos jogadores.
Crédito da foto: Foto Jessica Lapinski
Porque ela não tem celular nem internet. Portanto, é impossível consultar o HockeyDB para encontrar qualquer informação.
“Se perco algum momento da partida, tenho que esperar até a manhã seguinte para ver de novo”, ressalta.
Porque não, a senhora não ouve apenas os programas pré-jogo das diferentes redes – com os seus “talkers”, como chama os painelistas – e depois o jogo.
Às vezes, ela também assiste aos que acompanham os jogos, bem como às notícias esportivas.
“Ok, vamos começar!” ela deixou escapar quando Jake Allen cedeu pela segunda vez em sete minutos.
“Às vezes eu lhes dou conselhos”, explica também tia Alice.
“Eu te digo que se eu estivesse lá com eles…” avisa então, o que sugere que com Alice Labonté como treinadora principal, os jogadores teriam interesse em jogar 60 minutos.
Principalmente Josh Anderson, que ela mal pode esperar para ver acordar.
Foi aqui também que ela aproveitou para repreender Michel Bergeron, que havia dito alguns dias antes que o canadense poderia chegar aos playoffs se jogasse todas as noites como fez contra o Vegas.
“Ele aí, quando eu ouvi ele falar isso, não pude acreditar!” lança Mmeu Labonté, que também assistiu a esta famosa partida perdida na prorrogação até o final… por volta da 1h da manhã.
Um amigo durante‘inverno
Mas a “Tia Alice” nem sempre é tão dura com seus “pequenos” canadenses.
E isso apesar de ela ter testemunhado 22 das 24 Copas Stanley do time, uma glória que parece cada vez mais distante à medida que os anos se afastam de 1993.
Tal como Kent Hughes, ela defende a “paciência”, repete.
Quando a CH aperta o placar no terceiro graças aos gols rápidos de Nick Suzuki e Michael Pezzetta – o que ela acha bastante cômico com seus olhos grandes – “Tia Alice” exclama duas vezes de felicidade: “Eles ficam tão felizes quando marcador!»
A simpática “Tia Alice” representa tudo o que falamos quando dizemos que o canadense é mais que hóquei.
Antes do nosso encontro, ela disse-nos ao telefone que estas noites passadas a observá-lo são, sem dúvida, um dos motivos que lhe permitem continuar a viver sozinha em sua casa, aos 96 anos.
Quer ganhe ou perca, o canadense é um amigo que o acompanha nas noites frias de inverno.
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